A noite chegava lentamente. O ar do lado de fora da casa era mais frio, até mais sombrio, com aquelas imensas florestas que nos rondavam, era impossível ver o que se escondia atrás delas. Victor parou e olhou para o telhado, segui seu olhar e não havia Grifo nenhum.
-Onde está o...
Victor assobiou interrompendo-me. De repente um barulho de asas podia ser ouvido, logo o som foi aumentando, até que um animal majestoso pousou ao lado de Victor. Fique boquiaberto, sempre gostei de assistir filmes onde havia Grifos, mas ver um pessoalmente era muito melhor. Uma criatura magnífica! Seu meio corpo de leão parecia brilhar, suas asas gigantescas eram lindas, sua cabeça era como uma águia, penas brancas, perfeitas. É difícil descrever tamanha beleza.
-Ele é fantástico! -Consegui dizer.
-Ganhei de meu pai. -Victor suspirou. -Um pouco antes de ele morrer.
Engoli em seco. Por que no Mundo de Hónory ninguém tinha família, sempre vinham com histórias trágicas. Pelo menos eu imaginava que a do pai de Victor fosse como a história da Annabelle. Tudo tão triste, em um mundo que parecia não ter defeitos.
-Eu... Sinto muito por isso.
-Tudo bem. Você não estava aqui quando aconteceu.
-Ah... Vamos arrumar as coisas para a viagem? -Decidi mudar de assunto.
Victor assentiu. Andou até a lateral da casa e pegou uma enorme sacola, parecia uma mochila, mas feita a mão.
-Aqui dentro tenho várias coisas. Como água, algumas flechas, adagas e tenho até uma espada. -Entregou-a para mim. -Use.
Peguei a lâmina. Eu não sabia como empunhar espadas.
-Olha, eu não...
-Eu ensino você! -Interrompeu-me.
Eu apenas assenti.
-Quando chegarmos à Cidade Universo pode comprar uma armadura para você. Já que vai ficar aqui, precisa se defender dos monstros.
Eu bufei.
-Por que todo mundo daqui sabe que ficarei para sempre?
-É evidente.
Victor amarrou a sacola no dorso do Grifo, mesmo assim ainda havia espaço para três pessoas.
-Por que é evidente? -Perguntei.
-Nunca nenhum humano esteve aqui, nunca um portal se abriu e nunca se abrirá de novo. Aposto que Annabelle já lhe disse isso.
Eu assenti.
-Mas também, se você está aqui é por causa do destino. Nada acontece por acaso.
Ele tinha razão. Nada acontece por acaso, isso me fez lembrar de Sandra, ela vivia dizendo isso. Gostaria de saber como está ela e minha filha, já devem estar em casa agora, achando que eu também ''as abandonei'', ou que fui comido por algum animal selvagem.
Annabelle apareceu, carregando uma enorme sacola, entregou-a para Victor que a prendeu também no dorso do Grifo. O cheiro da comida era delicioso.
-Victor leve o Grifo para o porão, partiremos amanhã de manhã. Vamos comer e dormir aqui. É mais seguro. -Ela olhou para a entrada de sua casa. -Mesmo sem porta.
Todos nós rimos, era tão bom. Eu consegui fazer dois amigos em menos de um dia. Mesmo que os dois haviam tentado me matar.
-Vamos entrar Joseph, quanto mais cedo comermos, mais cedo podemos ir dormir e assim estaremos descansados para amanhã.
Ajudei-a a arrumar a mesa, a comida era deliciosa, não sei bem o que era, mas não quis perguntar. Logo depois fomos dormir, Victor teve que dormir no chão, reclamou algo sobre ''humano inútil'', mas nem me importei. O que eu mais queria era dormir. Mesmo que a dor dos ferimentos atrapalhasse. Annabelle dissera que por serem causados por armas mágicas não curariam sem devidos remédios.
Fechei os olhos e logo adormeci.
-Eu estou criando essas histórias, peço que não as copiem de mim, apenas com os devidos créditos. Jaqueline.
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