Descemos um caminho feito de pedras. Tudo era lindo. As árvores, as plantas e até os animais, que incrivelmente eram iguais ao ''Mundo dos Humanos''. De vez em quando era possível ver outras coisas, criaturas estranhas, eu tinha curiosidade em saber o que eram, mas Annabelle estava concentrada no caminho.
Depois de uma longa caminhada, Annabelle parou. Apontando para uma pequena casa disse:
-Aquela é minha casa.
A cor era de um vermelho desbotado, o telhado feito de um material que não reconheci. Em volta da casa havia várias plantas e até um pequeno lago. Paramos em frente a casa e Annabelle logo entrou, convidando-me. Não contive a curiosidade.
-Você não tranca a casa?
-Por que trancaria?
-Bom... Não há ladrões aqui? -Só depois notei que a pergunta soava estúpida.
-Ah... Não! Somente trancamos quando estamos dentro de casa, pois quase todos nós aqui de Hónory temos algum inimigo. -Ela sorriu sarcástica. -Logo você terá um.
-Não, não. -Refleti. -Não acho que ficando algumas horas aqui posso me meter em encrenca.
O sorriso de Annabelle sumiu, ela baixou os olhos e ficou em silêncio por um instante.
-Você não vai para casa. -Disparou.
Franzi o cenho, não podia ser verdade.
-Está brincando? -Perguntei.
-Jamais brincaria com algo assim. -Ela suspirou. -Entre. Precisamos conversar.
A casa dentro não era muito diferente, havia alguns móveis, como mesa e cadeiras, até algo que parecia um sofá. Só havia duas salas, uma onde havia a maioria dos móveis e na outra somente duas camas encostadas nas paredes.
-Sente-se. -Disse puxando uma cadeira para mim. Sentou-se ao meu lado.
-Por que não vou para casa?
-Nunca, nenhum humano veio para Hónory. Nem sei como... -Ela franziu o cenho. -Como veio parar aqui?
-Encontrei uma caverna. Havia várias luzes coloridas que brilhavam na...
-Um portal. -Interrompeu-me. -Nunca um se abriu... Mas, bem que uma vez falaram para mim que um dia seria aberto um, mas quem entrasse, jamais sairia. Como uma... Profecia!
-Quer dizer que vou ficar aqui para sempre?
Ela assentiu.
-Não é tão ruim assim. Eu posso ajudar você a se acostumar. Vai gostar daqui.
-Eu já gosto, só que... Deixei minha esposa e uma filha para trás. -Expliquei.
Annabelle fitou o chão, uma lágrima rolou de seus olhos.
-O que foi? -Perguntei.
Ela me olhou profundamente nos olhos.
-Família. -Respondeu. -Minha mãe morreu quando eu nasci. Meu pai foi morto por um monstro e eu tinha uma irmã, Sara, mas ela desapareceu a mais de 50 anos.
Arregalei os olhos.
-Mais de 50 anos? -Perguntei. -Quantos anos você tem?
-250 anos. -Ela tentava não rir. -Você tem quantos?
-25 anos.
-Ah... Vocês humanos não chegam a 200 né.
-Poucos passam de 100 anos. -Respondi. -Podemos mudar de assunto?
Ela riu e assentiu.
-Quer falar sobre o que?
-Bom... Tem alguma cidade aqui? -Novamente uma pergunta que soava estúpida.
-Tem sim! Várias. -Disse. -Mas a maior de todas elas é a Cidade Universo.
-Universo? -Perguntei.
-Sim, tem esse nome por ser a principal.
Ela olhou em direção ao ''quarto'' e depois voltou a me fitar.
-Como você terá que ficar em Hónory para sempre... Pode ficar aqui.
-É claro!
Levantamos-nos juntos. Peguei suas mãos.
-Você está sendo muito legal comigo. Obrigada. Mesmo tendo me atacado hoje.
Ela riu.
-Bem... Eu já volto, vou arrumar comida para você. Espere aqui.
Ela foi até a porta, virou-se e acenou. A porta bateu. Sentei-me novamente, não gostava de ficar sozinho em um lugar onde tudo pode acontecer.
-Eu estou criando essas histórias, peço que não as copiem de mim, apenas com os devidos créditos. Jaqueline.
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